Primeiro dia do ano e eu já começo a escrever aqui sobre um assunto que muito mexeu comigo o ano inteiro que passou. Amamentei Yasmin exclusivamente até os 6 meses de vida. Após esse período continuei dando de mamar porque era algo que acontecia de forma natural comigo. Tentei introduzir mamadeira e chupeta mas ela nunca pegou de verdade. Sempre quis saber mais do peito. A introdução de alimentos foi uma dificuldade, eu diria que ainda está sendo uma fase delicada. Comer, ela come. Porém pouco. E tem dias que não chega a comer mesmo. Depende muito do momento, do humor, da interação, da minha paciência, enfim. Dia à dia é uma luta, um exercício de perseverança. Nunca tive vontade de escrever sobre isso na verdade, porque não era um assunto que me dava prazer em falar, discutir, sempre ficava muito chateada. Apesar da dificuldade que eu estava passando para alimentar a minha filha eu tinha que enfrentar as pessoas me criticando, me dando orientações do que eu deveria ou não fazer. E sempre achei que a melhor pessoa que sabe o que é bom para a minha filha sou eu, a mãe. Se ela não queria comer, não tinha porque eu insistir. E muitas vezes eu perdi a paciência e me estressei. Isso me causava uma exaustão e dar de mamar era a maneira mais fácil. Muitas amigas que foram mães não enfrentaram a pressão pelo desmame, pois de uma maneira "natural" seus bebês deixaram de mamar logo cedo. Então eu me vi a única que ainda dava de mamar e, lamentavelmente, me sentia culpada por não conseguir desmamar. Enfiei na minha cabeça que a culpa era minha por não ter insistido numa mamadeira ou por simplesmente não negar e tentar outras formas de distração. Mas olha só, estava tão pressionada com o desmame que me sentia culpada por ainda amamentar! Não imaginava em hipótese alguma que a amamentação se transformaria num incômodo. Foi quando comecei a refletir comigo mesma o que realmente me incomodava: eu mesma, a família, as outras mães ou a sociedade? De um certo modo entrei em colapso nervoso quando me vi, após 1 ano, sem emprego fixo, sem conseguir terminar meu curso e sem ter uma vida social noturna. Pois me sentia muito sozinha em casa. E durante a noite ela sempre acordava para mamar ou simplesmente para sentir o conforto do peito, o cheiro da mãe e toda a proteção que só mãe pode dar ao bebê no período da noite. Muitos outros fatores foram influenciando em minha decisão de querer parar com a amamentação. Ter mais tempo para mim era um dos motivos que mais pesaram. Eu queria voltar a vida ativa de antes e não estava aceitando que 1 ano depois eu ainda continuasse com um bebê que mama em meu colo! Queria mais independência da parte dela e da minha, é lógico. Queria poder deixá-la com o pai, com os avós ou qualquer outra pessoa da família e que isso fosse algo normal. Mas me vi sem nenhuma dessas opções, pois todos me diziam que o fato dela mamar era impossível ficar! Resumindo: ninguém queria ter paciência, me ajudar com o desmame. Pois é muito difícil mesmo ficar com um bebê que em um determinado momento vai pedir o peito, vai querer mamar, vai chorar, vai ficar manhosa e a única pessoa que aguenta isso é a mãe! Nem mesmo o pai tem paciência. Fato! Então era isso: a pressão dos outros, de mim mesma, das outras mães, da família e da sociedade. Esse ano resolvi aceitar, passei a enxergar com outros olhos. Uma amiga minha me ajudou muito. Enxergou meu lado, meu sofrimento e minha angústia. Ela viu que amamentar sempre foi algo que eu gostava de fazer, que tinha prazer, que em nenhum momento afetou meu pudor ou minha vaidade, meus peitos não caíram nem ficaram feios, pelo contrário, só tive benefícios em amamentar. Então por que essa pressão? A atriz Juliana Paes ainda amamenta seu filho de 1 ano, Cássia Kiss amamentou até os 3 anos. A minha mãe também. Yasmin vai deixar no tempo dela. Essa é uma decisão minha também, pois quero passar por essa fase de maneira tranquila, ter histórias para contar. Amamentar faz parte da minha vida e do meu cotidiano. Aceitar esse fato é um passo que estou dando para ser uma pessoa mais feliz, plena e realizada. :)
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia, e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre, à margem de nós mesmos."
Fernando Pessoa.
FELIZZZZZ 2012!! QUE NESTE ANO NOVO O AMOR DE DEUS POSSA INVADIR AS NOSSAS VIDAS PLENAMENTE!!
