sexta-feira, 25 de março de 2011

Às margens.


- Moça! Me dá água...

O garoto bebe a água.

- Onde você mora menino?

- Numa casa de taipa.

- Aonde tá sua mãe?

- Catando papelão.

- E o seu pai?

- Tá cuidando dos carros aqui perto.

- E você, faz o que aqui?

- Eu fico pedindo pras pessoas, dinheiro, comida, água.

- Você não vai pra escolinha não?

- Nunca fui.

- Por que?

- Porque minha mãe não me registrou.

- Com quem mais você mora?

- Com meus irmãos e a minha avó, ela é deficiente das pernas.

- E seus irmãos tem quantos anos?

- Um tem 5, outro tem 12.

- Eles vão pra escola?

- Não, ficam em casa.

- E durante o dia, o que você faz?

- Eu vou pra supermercados, padarias, pedir lá.

- Alguma vez você já passou fome?

- Já, mas eu saio pra rua pra pedir.

- E todos te dão comida?

- Às vezes.

- O que tem aí nesse saco?

- Cachorro-quente!

- Você não vai comer agora?

- Não, só mais tarde, assistindo televisão! (risos)

- Como você se chama?

- Adriano.

- Prazer Adriano, meu nome é Bruna.


Um comentário:

  1. owww... não é todo mundo que tem a sensibilidade de parar tudo na sua vida, para conversar com uma criança na rua e ouvi-la, se desarmando do medo de achar que ela pode te trazer perigo.É dessa face humanizada que a gente precisa, mas o medo de tudo, torna a gente frios e interessados "eu", no próprio rei na barriga....
    ass: Deyse Amarante

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